Este texto foi elaborado e cedido por Chefe João que acompanhou todo trabalho da irmãs em Rosário do Catete.
Rosário do Catete era apenas uma pequena cidade cercada de pessoas simples, pobres e carentes que necessitavam das mãos amigas das irmãs de São Vicente. Porém, com a chegada das filhas da caridade no ano de 1969, esse cenário começou a mudar. Essas irmãs procuraram desenvolver um trabalho voltado para atender o povo pobre e carente do município.
Contudo, Parece que foi ontem, mas faz 40 anos, que em frente ao grupo Leandro Maciel, a comunidade de Rosário do Catete se concentrou para receber as irmãs Angelina colavitt e Elizabeth Nogueira, ambas as filhas da caridade. Elas foram trazidas por D. Távora que na época era bispo de Aracaju. Durante a celebração da missa de posse das irmãs, D. Távora falou que “somente o sacerdote tem o poder de administrar Eucaristia.” Falou ainda que convidasse a comunidade de São Vicente porque tem um trabalho voltado para os pobres. Nesse momento D. Távora constituiu as irmãs diaconisas para como os sacerdotes evangelizarem, catequizar, prover e também cuidar dos pobres, dos doentes levando-os amor e dando-lhes o testemunho de Deus, instruindo-os para um mundo melhor. Esse trabalho deve ser desenvolvido com a comunidade, independente do nível social e da raça.
A delegação tinha como coordenadora a irmã Angelina colavitt, que a partir daí começou o trabalho de dedicação e amor ao povo pobre de Rosário do Catete. As irmãs incansáveis, não se curvavam em cuidar da comunidade e, percebendo as necessidades que aos poucos vinham surgindo, a irmã Angelina sensibilizada com a situação de pobreza dos rosarenses começou a fazer uma campanha para reabertura do hospital de Rosário do Catete. Ela, que tinha o poder de conseguir dos que tinham mais para dar aos pobres, mobilizou a sociedade rosarense e foi em busca de recursos junto aos órgãos do Estado e da União.
Como era de se esperar, a irmã Angelina obteve o sucesso nessa campanha conseguindo para Rosário do Catete uma ambulância Kombi (um luxo de ambulância), talvez a primeira do Vale do Cotinguiba. Essa ambulância foi conseguida em Brasília, local onde a irmã tinha um grande prestígio junto as autoridades por ter trabalhado no hospital de Base de Brasília. Conseguiu também, montar no hospital já reaberto em Rosário, uma luxuosa pediatria para atender as crianças carentes do município.
Na sua estada em Rosário do Catete, fundou juntamente com os saudosos João Machado (Dr. Janjão) e José Martinho Xavier, a Escola de 1º Grau Leonardo Machado “o Ginásio”. Conseguiu trazer também, a irmã Adalgisa - uma especialista em educação - para orientação pedagógica do ginásio. Nessa época, esta escola foi um sucesso, pois, os jovens de Rosário do Catete eram garbosos em estudar no ginásio.
Ainda na área educacional, as irmãs resolveram atender também os jovens através da educação extra-escolar, trazendo para Rosário do Catete o movimento escoteiro, fundando o 5º Grupo Escoteiros General Augusto Maynard na década de 70, sob a coordenação da Irmã Angelina Colavitt que, em 1977, veio a falecer. O grupo escoteiro que estava funcionando em caráter provisório, devido a sua morte parou, vindo a retomar o processo de fundação no ano de 1978, já com o jovem João Vieira (Chefe João), José Humberto (Humbertinho), e outros, sempre orientados pelas irmãs. O 5º Grupo Escoteiro, desde então, vem seguindo os passos e as orientações das Irmãs da caridade. Cresceu com suas atividades sócio educativas, promovendo eventos beneficentes para os pobres, fundando o grupo de Idosos São Vicente de Paulo, que atende e congrega os idosos da sede do município e que hoje já se estendeu para o povoado Siririzinho, com a fundação do Grupo de Idosos Senhora Santana.
As irmãs também atuaram na área social, fundando o serviço social Nossa Senhora do Rosário, órgão que trabalha com diversas atividades, entre elas, o trabalho com as mães carentes de Rosário. Essa atividade é realizada sob a orientação da irmã Maria. Fundou também com o saudoso Nô Barbosa o Sindicato dos trabalhadores Rurais que funciona até hoje.
Ainda com a idéia de atender a comunidade pobre de Rosário conseguiu junto ao Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN) cestas básicas para doar as famílias pobres. Esse trabalho, durante muitos anos, foi realizado sob a coordenação da irmã Dolores.
O relato de atividades aqui citado, foi apenas, uma síntese da obra realizada pelas Irmãs de Caridade no município de Rosário do Catete, e que, hoje por ironia do destino está acabando, deixando a comunidade rosarense órfão. E para mostrar a imensa satisfação de ter convivido com pessoas que procuraram desempenhar um trabalho voltado para a melhoria da qualidade de vida do povo pobre de Rosário e atendendo um dos desejos de São Vicente de Paulo nós que fazemos parte dos grupos São Vicente de Paulo, Grupo Senhora Santana e Grupo Escoteiro General Augusto Maynard, agradecemos as filhas da caridade: Irmã Maria José, Irmã Maria Araújo, Irmã Iracema e a Irmã Maria Severina e tantas outras que aqui passaram deixando marcas de seu trabalho, saudamos em nome da Irmã Clarice Dourado.
As irmãs deixam Rosário, mas as suas obras ficam na certeza de que São Vicente jamais será esquecido, pois, existiram pessoas como Chefe João e outros, que se tornaram discípulos de São Vicente, e procurarão fazer o melhor possível para dar continuidade a uma pequena parte do dignificante trabalho dessas irmãs.
GLÓRIA E LOUVOR A GRANDE CARIDADE
QUE É UM VIVO ARDOR DO SERVO DO SENHOR
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